sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Minha universidade (UEM)

Minha universidade é um canteiro de obras
E a arrogância de bater no peito de dizer:
"Sou a melhor do Paraná!"

Melhor?
Melhor fechar os olhos p'ra não ver
Melhor esquecer

Estudamos num feudo
e quem enxerga se rebela
ou cegamente se resume ao prazer

Quinta-feira tem polícia
Cacetete pronto p'ra bater
Spray-de-pimenta de refresco
Balas de borracha p'ra correr

Capitão, tem sangue no chão!
Tens sangue na farda,
Tens sangue na mão!

Pau-de-arara para utópico
Cadeia para maconheiro
Se é bicha mete bala
Lincha se é roqueiro

Vamos todos para a missa
na querida Catedral
ou no culto do domingo
p'ra rezar e ter moral

Depois faremos um sarau
onde diz na sepultura:
"Aqui descansa em paz,
fria e morta a cultura."

Ovacionemos quando chegue
o magnífico reitor
Já dez anos sem dar aula
muito FG como ge$tor

E a assistência estudantil?
Aqui é sempre uma piada
Para quem precisa mesmo
a UEM não oferece nada

Para poder comer no RU
tem fila de uma hora
E se não tem grana pro aluguel
você vai ter que ir embora!

Aqui na UEM não há justiça
nem se quer há Paridade
O que temos é uma máfia
que estupra a universidade

Pois é,
Minha universidade é um canteiro de obras
E arrogância de bater no peito e dizer:
"Sou a melhor do Paraná!"

Melhor?
Melhor abrir os olhos p'ra enxergar,
sair p'ra rua para lutar,
e sempre que for preciso
estar pronto p'ra ocupar!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Aquele moleque do semáfaro

Aquele moleque do semáforo
hoje foi atropelado

Quantas vezes não passei
e falei que não tinha grana?

Neste mundo cruel
viramos a cara para não ver

É mais fácil ser cego
do que sentir-se covarde


Aquele moleque do semáfaro
nunca mais vai caminhar

O Estado, soberano,
pouca coisa vai fazer

E a sociedade, cega,
vai virar a cara pra não ver


Quando ele não estava na avenida
matava a fome cheirando cola

Aquele moleque no semáfaro
é apenas uma criança.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Anatomia do ódio de um extremista

Nas tuas entranhas
a vontade de matar

nos teus olhos
a vontade de não ver

na tua garganta
ofensas entaladas

um sorriso por vingança
o perfume da própria morte

tua raiva desmedida
parece não ter fim

você quer matar
por medo de morrer

mas na verdade algo já morreu em ti

Eres a sombra do passado
....uma ferida aberta neste mundo.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Horas noturnas

Nas solitárias horas noturnas da minha insônia
(esse vil purgatório da minha dor)
a incerteza é infinita

Durante o dia eu fujo da inimiga introspecção
me refugio na minha confortável vida em sociedade

Mas nessas horas solitárias e noturnas
não há para onde correr
e o tédio dos minutos não tem fim

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Nota: escrevi este poema no ano passado, e ele ficou esquecido até eu achá-lo ontém.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Carta de Alforria

Acordo solitário no meu quarto
e ascendo um baseado

Ta tudo uma bagunça

minha vida
meu quarto
o mundo la fora

Não tenho um puto no bolso
e tantas contas pra pagar

Viver custa caro
e pros meus desejos não sobra quase nada

Me restam apenas os pequenos vícios
um maço de cigarro paraguaio
uma tubaína e qualquer pinga vagabunda

Cansei de Maringá
e sei que é minha culpa ainda estar aqui

Quero sair livre pelo mundo
respirar o ar de todas as terras
e ouvir todas as línguas

Mas minhas obrigações me prendem como uma âncora

contas
dívidas
diplomas

Quero rasgar a pequena jaula da minha existência
e derrubar todos os muros

Cansei de ser detento
de esperar que o destino me liberte

Vou escrever minha própria carta de alforria
e sair pro mundo pra ferir o Capital

Carrego comigo a certeza
que tudo pode mudar
e a vontade inquietante
de viver
de conhecer
e de lutar

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Linhas vagas

Não vieram mais cartas
apenas contas
multas
atrasos

A frustração a que me constringe o Capital

Estou longe dos sonhos de consumo
Não tenho ticket do R.U.
nem maço de 2000

Tenho apenas sonhos para consumir
e a vontade de beber

E uma carta em branco para o mundo
em que traço como analfabeto
as linhas vagas do meu destino

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Maringá ( A imprescindível resistência)

Não pode ir pro bar
Não pode fumar
Não pode querer
Não pode foder

Pode ir trabalhar
Ir pra igreja rezar
Ir pra aula pra ver
O que vai esquecer

Não pode lutar
Nem tentar mudar
Nem sequer podes ter
Um sonho pra crer

Só podes votar
Em quem vai te roubar
Podes só se entreter
No lugar de viver

Não pode amar...
Mas pode comprar
Não pode vencer...
Mas pode vender

Porra!

Querem te calar
Mas você pode GRITAR
Você tem o poder
De não obedecer

Se não posso amar
Prefiro matar

Se não posso viver
Prefiro morrer

Maringá sangra...
Liberdade, porra!

Viva a imprescindível resistência,
Sílvio Barros não vai roubar a minha consciência!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

O vil esgoto humano

Somos filhos de todos os orfanatos,
Como as baratas, os vermes e os ratos.
Desprovidos de qualquer forma de beleza.
Imundos, por nossa verdadeira natureza.

Somos o vil esgoto humano,
Decadente, fétido e profano.
Somos o câncer vivo desta Terra,
Filhos do estupro, do roubo e da guerra.

De nossas veias jorra infeccioso o pus
Da podre ideologia que ainda nos conduz.
Somos covardes, vítimas da alienação.

Reproduzimos cegamente nossa própria condição,
Mas a dialética da história há de um dia enterrar
O que hoje é sólido, e desmancha-se no ar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Tua chapinha há de molhar

Você gosta de atenção
De ser o plano central
Sobre qual revolve toda a galáxia

Mas perante a vastidão do universo
Até o teu sorriso orgulhoso é diminuto
E tua voz escandalosa soa distante

Teu vestido colorido há de desbotar
Tua chapinha há de molhar
E tua maquiagem há de escorrer
Com a tristeza do teu choro

Teu rosto é lindo
Teu corpo é sensual

Mas há coisas mais importantes nesta vida

Você quer ser desejada
Mas precisa mesmo é de um refúgio deste mundo

No final da balada
Depois de ter dançado e beijado horas à fim
Te sentirás feliz?

Quando todos te desejarem
E tiverem sonhos carnais de gozo com teu corpo
Te sentirás feliz?

Não adianta chorar
Nem sentir-se arrependida

A vida é tua
Você faz o que quer

Não tens ninguém para culpar

Podes continuar à carregar o peso da tua vaidade
Ou se quiseres
Podes mudar

Só depende de você

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma noite quente e úmida no Bar Sem Nome

Era uma noite dessas
quente
úmida
...em que a única fuga da ansiedade
é uma cerveja bem gelada

Eu estava no Bar Sem Nome
(já no meu quinto litrão)
quando ela chegou toda suada
e sentou-se do meu lado
sorridente
com um cigarro na mão

Eu lhe pedi um trago
e senti o gosto de seus lábios
o perfume de seu batom

Enquanto eu falava ela sorria
e eu falava cada vez mais de mansinho

Olhava fixamente nos seus olhos
e via o suor escorrer delicadamente de seu pescoço

Ela pediu licença para ir ao banheiro
e quando voltou
sentou-se bem pertinho

Encostou sua coxa na minha perna
e com os olhos
percorreu todo o contorno dos meu lábios

Fez-se um silêncio tímido no espaço entre nossos sorrisos
e a calma úmida da noite
rompeu-se explosivamente
num beijo cálido e macio

Bar Sem Nome, meu mais querido lar,
me destes na boemia uma noite espetacular!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando venha o frio austral

Que venha o frio
que ainda não chegou

Tomaremos chocolate quente
com conhaque
e as vezes quentão

Tomaremos muita cachaça
e ao trocar idéia
...sairá vapor de nossas bocas

Que venha o frio
para que não acorde suado
quando durmo de conchinha

O abraço será nosso abrigo
e o calor humano,
a medida da felicidade

Que venha o frio
para que os Ypês da UEM floresçam
e amanheçam na neblina

A vida será mais linda
quando chegue o frio austral

E nossas noites serão de calma e carinho

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Perante as Araucárias

Hoje eu te ofereço meu silêncio

Tudo que falo é mentira
Tudo que sinto é invenção
Então me calo

Quero ajoelhar-me perante as Araucárias
E ouvir o céu

Pedir perdão por meu rancor

O frio das madrugadas de outono me lembra à outra época
Mas eu não quero pensar

Tantas vezes tenho sido como o vento
Passado por várias vidas
e sumido

Roubado o cheiro de perfumes
E os guardado na minha memória

Quero dizer que eu vivi
E gritar aos quatro ventos:
ESTOU AQUI!

Mas hoje
Eu te ofereço meu silêncio
Compartilho meu vazio

Vou ajoelhar-me perante as Araucárias
E ouvir o céu

Hoje o vento há de passar por mim

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Meio-poemas (sinto que é inútil toda esta escrita)

Eu escrevo mil meio-poemas
Que não consigo terminar

E cada um dói como uma ferida
Como se desperdiçasse parte do meu ser

Sinto que aborto pedaços da minha alma
E os vomito em versos ríspidos e toscos

Não sei se sou parasita das palavras
Ou se são elas que de mim se alimentam

Não quero mais esta fadiga
Este cansaço que arde todos os dias
Esta obsessão

Mas me desespero quando não tenho uma caneta
E nem sei porque escrevo

Acho que escrevo simplesmente por predestinação
Por sentir angústia

E quando não termino um poema
Sinto dor
Sinto fracasso

Sinto que é inútil toda esta escrita

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A professora fala...

Depois de um dia inteiro de intermináveis discussões
E de grandiosas disputas políticas
entre egos mesquinhos
Eu entro na minha sala
(já desgastado)
e a professora fala...

Eu desenho no meu caderno
Contemplo minha vida
Finjo prestar atenção
e a professora fala...

Eu vou lá fora
Fumo uns 2 ou 3 cigarros
Troco ideia (papo furado)
E quando canso de enrolar
volto pra sala
e a professora fala!

Desta vez eu tento prestar atenção
(juro que tento!)

Até anotações eu faço
Mas me bate uma canseira
E entre as palavras da professora
(que ainda não parou de falar)
eu dou umas pescadas

Eu volto lá fora
Fumo ansiosamente mais uns 3 ou 4 cigarros

Papo vai, papo vem...
Eu olho pela janela

e Meu Deus, a professora ainda não parou de falar!

Eu acendi mais um cigarro
Abandonei o meu caderno
E fui pro bar!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Poema aos meus calouros

Ah calouros, que saudade de uma época que nunca foi!

Bem-vindos à desgraça
À adolescência forever
Ao Big Brother Brasil
Às novelas da Globo
À panelinhas
À festas exclusivas
À dogmas mesquinhos
À aulas intoleráveis
À usar o orkut como substituto à uma vida social
À professores que estão convencidos que são deus
E alunos que temem viver

Bem-vindos!
O mundo é bonito
E perfeito
Sociais da grana
Ninguém bebe
Muito menos usa drogas

Não há luta de classes
Nem proletariado
Nem burguesia

Há Big Brother Brasil!
Há trocar idéia com meia dúzia
E ser descolado

Há falar da roupa da tua professora
E de teu colega que falta à aula
Há lindas fofocas
De quem fez o quê

Ah, como queria recitar Poema em Linha Reta
E tomar uma dose de um real no bar do Seu Pedrinho
E falar das constradições entre Álvaro de Campos
E o grande mestre Caieiro

O importante é o orkut!
A vida é secundária

Depois do trote
Os loucos ficarão com os loucos
E os caretas com os caretas

Que belas panelinhas!
Que bela integração!

Pagarei meu dízimo
Levarei uma Ypioca
Tomarei tuas bebidas
Fecharei o Bora Bora
Aguardarei o ERECS!

Fingirei ser simpático
Ser politicamente correto

Usarei jargões mastigados
Falarei de Anarquismo
E da noite passada

Cantarei velhas músicas do Adoniran Barbosa
E de Led Zeppelin (que é um som do caralho!)

Assistirei aulas com meus calouros
(que não reprovaram dois anos seguidos)
Direi que Sociais só vale o diploma
Ficarei triste depois de comer no R.U.
Tomarei um café
Fumarei meu cigarro paraguaio
Reclamarei de como falta Rock n Roll em Maringá

Irei ao Sarau e fingirei que é cultura
Obedecerei à autoridade em nome de passar de ano

Negarei ser sujeito da minha existência
E contemplar a dualidade partícula-onda
E vomitar teorias idosas
E encher meu Currículo Lattes
Como se enche o lixo do banheiro com papel higiênico com merda

Ah, Big Brother Brasil!
Prefiro dormir
À fingir que estou acordado

Ciências Sociais
Que curso da moda!
Vamos entender o que é cultura
E ser alternativos

Vamos gastar 80 reais por mês com textos
E fingir que entendemos

Vamos escutar Belchior e trajar velhos símbolos soviéticos
E babar na Lady Gaga

Eiiiittttaaa, Big Brother Brasil!!!!!!
É isso que dá grana
Sociais da desemprego!

Vou fingir ser pegador
Vou fingir ser educado
Vou fingir saber do que falo

Não sei porque algumas coisas me irritam

Que saudade de uma época que nunca foi!
De um futuro que não será
De um presente que nã é!

Ah C67
Finado Revolução
A Salinas do Seu Adão
O velho sobradinho verde

Onde foram parar?

Como que viramos tão legais?
E tão descolados?

Quando que a vida do orkut
Virou mais real
Do que a vida real?

E o que é real?
É tudo socialmente construído?!?

Esperaremos sempre que os outros façam
Para que não tenhamos que fazer

Amemos Malhação
E coloquemos aquela baita foto linda no orkut
E ainda no fim
Todos cult e cool
Ouviremos Los Hermanos
(ou Chico Buarque)
Com uma reclamação sobre a indústria cultural
E um salgadinho de 3 conto na mão

E eu,
Bebasso
Gritarei "Satanás" em vosso trote
E muitos ficarão ofendidos
Por desafiar a sagrada moral judaico-cristã

Falarei de Pannekoek
E de Herman Goerter
E fingirei saber de Marx mais do que você

Falarei que eu detesto Antropologia
E que não aguento mais ler texto de aldeia

Farei uma defesa da Ciência Política
Te convidarei pro bar
Argumentarei contra a religião
E contra a moral
E contra a centralização

Te falarei de Ferreira Gullar
E da superação do concretismo
E de como o grande Aristóteles estava errado

Te falarei mais uma vez de Ypioca
(como se fosse o velho jargão)
E com certeza direi coisas idiotas
Com um puta bafo de cachaça

Te direi que o Kanarinhus é uma merda (e é)
Que o Democrático é palha
Que o Marcão é cuzão
E que o único bar decente é o Bora
(e é claro o Seu Pedrinho)

Te direi do quanto que detesto sertanejo
E amo o velho Blues

Fingirei no dia 21
Que você, calouro, é burro
E eu, veterano, sou esperto

Contarei até 5.000 no comunidade da minha sala
E falarei de sexo para ser legal

Encontrarei alguma forma de chamar atenção
E serei descolado
Muito descolado

Afinal das contas,
Sociais é um curso cool

Vou pretender que a vida é pura diversão
E esconder minhas palas
Para você não saber

Deus me livre, não vai na esquina do Manhattan na quinta-feira!
Nem me pergunte o que rolou anos atrás
Ou porque que eu sou queimado

Vamos ver MTV
Globo Reporter
Tudo Fantástico!!!

Eu sou um bolinho de arroz!
Minhas perninhas vieram só depois!
Eu não tenho boquinha pra sorrir?

Por que?

Vamos dançar funk no Nite
E fingir que não há moralismo
E muito menos vulgaridade

Vamos no Tribos ser do Rock!
E ser arrogante, como eu, nesta comunidade

Vamos escrever um monte de merda
Regurgitar discursos falsos
E no final de tudo
Sem saber o que dizer
Diremos que Ypioca é uma puta cachaça
(por valer 9 reais)

Vou fingir que meu gosto de bebida é melhor que o teu
E que minha roda é louca
E a tua careta

Vou dizer
(com todo preconceito)
Que Sociais não é agronomia
E que aqui não rola Produfest

Vou me gabar que minha universidade é estadual
E que é a melhor do Paraná

Vou pagar pau para a Marly
E a família Barros

Como adoro uma dose de conservadorismo na minha vida!
Lei seca, Lei seca, Lei seca

Que saudade das épocas do vestiba!
De ver a Mário Urbinatti lotada
Do tomar uma cachaça de Salinas na Padoka

E por que escrevi tudo isto?
Olha, eu não sei
Nem você vai saber

Mas ironia
Sarcasmo
E deboche...

É uma puta idiotice arrogante.

O que tenho à dizer
É que o trote será legal
Seremos todos descolados
E eu tomarei Ypioca

Alguns tomarão cerveja
Outros Jurupinga
Alguns te dirão que Catuaba é a bebida do curso (quando ninguém toma essa merda)

Alguns tomarão água
Alguns tomarão bebidas importadas
Alguns tomarão yakult
Alguns nem tomarão

Mas eu...
vou tomar Ypioca!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Nota: Escrevi este poema como protesto antes do início das aulas após ler os comentários infantis postados na comunidade de Ciências Sociais no orkut.

Tem tanta coisa p'ra mudar!

Não fique aí parado,
tem tanta coisa p'ra mudar!
Pense, participe e movimente-se,
para que ninguém negue teu direito de participar.

Você pode ser a gota
que move todo o oceano,
mas se você ficar aí parado
pode ser um grande engano.

Uma gota sozinha
não gera muito movimento,
mas muitas gotas juntas
podem mudar o pensamento!

Há cartazes por aí
cheios de celebridades,
que propagam tantas mentiras
e ocultam muitas verdades.

Não se contente com o mínimo,
tem tanta coisa p'ra mudar!
Outros pensarão por ti
se você não pensar.

Por trás de piadas velhas
há velhas pretensões,
não deixe que te excluam
de tomar as decisões!

É preciso ir à luta
É preciso descentralizar
se queremos garantir
o direito de participar.

É uma pena que alguns
defendam a censura,
quando quase todos querem
mais acesso à cultura.

É uma pena que alguns
querem ocultar a arte da vista,
não há porque pintar por cima
da obra de um artista.

As piadas perdem a graça
depois de contadas pela segunda vez.
A situação não é engraçada,
ela demanda lucidez.

Então na quarta-feira,
que é dia de eleição,
pense bem no seu voto
e vote com atenção!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Nota: Este poema foi usado na campanha vitoriosa da chapa Movimente-se UEM para o DCE, e faz referência à campanha do Bonde do Amor (cartazes com celebridades) e à censura que promoveram ao grafite do Isaac numa das portas do Restaurante Universitário.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sexo

Pois é
Eu gosto de sexo

E quem não gosta?

Em vez de estar escrevendo
Preferiria esta transando

Gosto de Seios
Pele
Cheiro
Sabor

Gosto de beijar
De apalpar
De sentir gemidos
Ao pé do meu ouvido

Nem sempre eu quero amor,
Há algo de errado nisso?

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Crianças

Hoje eu te vejo como uma criança
Como uma memória constante de um passado em que eu
não fui eu
E em que você
quase foi completamente minha

Te vejo como uma criança
Porque já não te culpo mais
Pelas mágoas que eu sinto

Só sei que sinto mágoa
(angústia, dor)
E que eu também sou uma criança
também sonho
também minto
também choro

Também serei uma lembrança de quando você
não foi você

Hoje eu te vejo como uma criança
Brincando pelo mundo
Querendo ser feliz

Já não te culpo mais pelas mágoas que eu sinto
E também não quero mais brincar

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

É tão dificil perdoar

Não sei porque me resulta tão difícil perdoar
Nem porque carrego mágoas como tesouros do meu ego

Eu sei que estou errado
Mas insisto em ferir quando sou ferido
E gerar a dor que nunca queria ter sentido

Tenho sido tão mesquinho e vingativo
E não sei se isso um dia vai mudar

É fácil racionalizar
Falar da boca p'ra fora
...mas é tão difícil perdoar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Musa da dor e solidão

Quantos poemas hei de te escrever ainda?

Estou cansado,
E minhas mãos doem quase o mesmo tanto
Que meu coração.

Tenho evitado pensar em ti
E esperado que esta dor se afogue no esquecimento.

Mas como te esquecer?

Ao te libertar da prisão da minha alma eu perdi parte de mim,
E no lugar ficou um labirinto de cicatrizes.

Não há como esquecer
Nem fingir que não dói

...me restou apenas a obsessão por escrever
E a compulsão por contemplar a minha vida.

As vezes quero rasgar a sujetividade do meu peito
E incendiar minhas emoções.

Mas é meu peito que é rasgado por esta sujetividade,
E me afogo nas escuras emoções da minha alma.

Estou cansado
E não quero mais te escrever poemas,
Musa da dor e solidão.

Mas me condenastes à este martírio,
à
morrer
um
pouco
em
cada
verso.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Na noite negra do anarquismo

Na noite negra do anarquismo

A lua da autogestão ofuscará as estrelas partidárias,

O orvalho anunciará que as correntes foram rompidas,

E por fim a humanidade acordará sob o sol da liberdade.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

O vermelho desta terra

Olhei pela janela do meu ônibus
E vi imensos campos verdes

Achei tão linda essa interminável paisagem
Dotada da mais pura poesia

Mas aí eu me dei conta era soja
...e fiquei tão triste

Onde agora jazem as transgênicas leguminosas
E envenenam o vermelho deste solo
Um dia houveram, imponentes,
As mais belas florestas tropicais

E nessas florestas viveram os verdadeiros donos desta terra

Mas eles foram todos assassinados
E foi com seu sangue inocente
Que mancharam de vermelho esta terra

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Juranda 2011

Falsa felicidade

Por que fingir ser feliz
E esconder tua tristeza
Atrás de um sorriso desbotado?

Não ha necessidade
De rir para não doer.

Vai doer do mesmo jeito.

Inevitavelmente a tua falsa extroversão
Irá ao encontro da solidão que há em ti.

Tua máscara só serve para os outros ver!

No silêncio da noite
Quando não há ninguém por perto
A tua dor está ausente?

Mais triste que a tristeza
É a falsa felicidade!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Ubiratã 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Não tenho pressa

Um dia irei ao encontro do infinito

Me despirei de toda ilusão
E deixarei p'ra trás este mundo doentio

Os olhos do meu corpo ficarão pesados
E fecharão-se eternamente abraçados com a morte

Com os olhos da minha alma espero ver a verdade
E finalmente conhecer o que é a paz

Mas eu não tenho pressa
A minha sede só a vida pode saciar

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

Vinho Seco

("Tão irresistível é a doçura da vida" - Omar Khayyam)

Tem gente que gosta de seu vinho doce
Como um beijo cálido na primavera

Mas eu não
Eu gosto do meu vinho seco
Como um áspero deserto desolado e sem vegetação

Porque é no meio desse deserto
Que ao embriagar-me eu encontro meu oasis

Não preciso que meu vinho seja doce
A vida já é doce demais!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

(Nota: inspirado numa garrafa de vinho Bianchi de San Rafael enquanto lia os poemas de Omar Khayyam)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Em busca da verdade (quando minha alma for pesada contra a pena da verdade)

I

Por que escondem tantos segredos da humanidade,
e por que nos contam tantas mentiras?

Eu quero tanto o nosso bem,
mas nossa ignorância me machuca.

Nunca me cansarei de procurar a verdade
nem de falar de amor.

Falta tanto amor neste mundo,
e o sofrimento parece não ter fim.

Por que que é assim?

Não quero mais ver meus irmãos se afogarem neste imenso mar de ilusões.

Mas o que posso fazer?

Estou tão longe da verdade
e me sinto tão sujo,
tão vil.

Eu só sei que eu posso amar,
e esperar que o meu amor mude algo neste mundo.

II

Quando minha alma for pesada contra a pena da verdade,
terei eu amado o suficiente nesta vida?

Sinto minha alma tão pesada,
tão cheia de remorso.

Tanto medo...
Tanta dor...

Meu Deus, por que nascer nesta ignorância?

Quero aprender o perdão
e o amor incondicional

Quero rasgar este ego podre da minha alma
e chorar por meus pecados até o amanhecer de outra vida.

III

Eu não quero mais ser assim
machucar p'ra me sentir melhor.

Não quero mais viver apenas para satisfazer meu ego,
para sentir prazer.

Eu nasci p'ra mudar algo neste mundo,
e se eu não puder mudar este mundo
quero pelo menos ter a força para mudar esta ridícula existência que chamam de Bartolomeu.

Se eu não conseguir nem isso,
quero pelo menos aprender à amar.

É só isso que eu quero
aprender à amar toda a humanidade
com todo meu coração.

Quero sentir o amor incondicional
e absorver toda a dor deste mundo.

Assim eu morrerei feliz.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mundo cão

Quem me dera se este mundo cão
realmente fosse como um cão
que sempre te recebe com carinho

Eu não teria que escrever este poema como um latido

Mas acontece que este imenso mundo cão
por ser humano é deshumano
e por engano não tem coração

Neste imenso mundo cão
a liberdade tem coleira
os sonhos da humanidade apodrecem na lixeira
e a justiça foi castrada
e condenada à escuridão

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

(Nota: o termo mundo cão é uma baita injustiça com os cães)

A crueldade do silêncio

Entre todas as formas que eu poderia ter te agredido
eu escolhi a mais cruel:
o silêncio

Não quero te dizer nada
muito menos gritar
Quero apenas o conforto ilusório da distância

Hoje a tua presença me agride
quando antes era a tua ausência

A lembrança do que já foi
(e não é mais)
me fere

Então uso o silêncio como um escudo
e tento o máximo te evitar

Eu nunca poderia desejar-te mal
muito menos te odiar

Todos os dias eu torço para que você encontre a plenitude da felicidade

não quero mais que você faça parte da minha vida

...dói demais

Não peça que eu mude
nem que seja teu amigo

Te amei mais que tudo neste mundo
e durante um ano você foi toda a minha vida

Não posso fingir que está tudo bem
nem mentir p'ra mim mesmo
Dizer que já passou

Peço-te perdão por todo o mal que eu te tenho feito

Eu sei que é minha culpa,
mas nunca foi minha intenção

Um dia você deixará de ser uma ferida
e a dor se transformará numa cálida lembrança

...mas até lá so me resta a distância
e a crueldade do silêncio.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

Nosso amor chegou ao fim

É tão estranho agirmos como desconhecidos
Eu lembro quando não conseguiamos ficar longe um do outro

Quando eu finjo não te ver
dói tanto em mim

Você foi parte da minha vida
e com você eu dividi toda a profundidade da minha alma

Te amei tanto...
mais do que eu pensei que era possível
e senti dor
tanta dor

Eu não sei o que te dizer
As vezes eu queria sumir deste mundo
mas eu sei que tenho que seguir adiante
e me libertar das correntes que me prendem à tua lembrança

Nosso amor chegou ao fim
e agora aguardo calmamente o fim desta tristeza

É isso...
não sei mais o que te dizer.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010