quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

É tão dificil perdoar

Não sei porque me resulta tão difícil perdoar
Nem porque carrego mágoas como tesouros do meu ego

Eu sei que estou errado
Mas insisto em ferir quando sou ferido
E gerar a dor que nunca queria ter sentido

Tenho sido tão mesquinho e vingativo
E não sei se isso um dia vai mudar

É fácil racionalizar
Falar da boca p'ra fora
...mas é tão difícil perdoar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

Musa da dor e solidão

Quantos poemas hei de te escrever ainda?

Estou cansado,
E minhas mãos doem quase o mesmo tanto
Que meu coração.

Tenho evitado pensar em ti
E esperado que esta dor se afogue no esquecimento.

Mas como te esquecer?

Ao te libertar da prisão da minha alma eu perdi parte de mim,
E no lugar ficou um labirinto de cicatrizes.

Não há como esquecer
Nem fingir que não dói

...me restou apenas a obsessão por escrever
E a compulsão por contemplar a minha vida.

As vezes quero rasgar a sujetividade do meu peito
E incendiar minhas emoções.

Mas é meu peito que é rasgado por esta sujetividade,
E me afogo nas escuras emoções da minha alma.

Estou cansado
E não quero mais te escrever poemas,
Musa da dor e solidão.

Mas me condenastes à este martírio,
à
morrer
um
pouco
em
cada
verso.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Na noite negra do anarquismo

Na noite negra do anarquismo

A lua da autogestão ofuscará as estrelas partidárias,

O orvalho anunciará que as correntes foram rompidas,

E por fim a humanidade acordará sob o sol da liberdade.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

O vermelho desta terra

Olhei pela janela do meu ônibus
E vi imensos campos verdes

Achei tão linda essa interminável paisagem
Dotada da mais pura poesia

Mas aí eu me dei conta era soja
...e fiquei tão triste

Onde agora jazem as transgênicas leguminosas
E envenenam o vermelho deste solo
Um dia houveram, imponentes,
As mais belas florestas tropicais

E nessas florestas viveram os verdadeiros donos desta terra

Mas eles foram todos assassinados
E foi com seu sangue inocente
Que mancharam de vermelho esta terra

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Juranda 2011

Falsa felicidade

Por que fingir ser feliz
E esconder tua tristeza
Atrás de um sorriso desbotado?

Não ha necessidade
De rir para não doer.

Vai doer do mesmo jeito.

Inevitavelmente a tua falsa extroversão
Irá ao encontro da solidão que há em ti.

Tua máscara só serve para os outros ver!

No silêncio da noite
Quando não há ninguém por perto
A tua dor está ausente?

Mais triste que a tristeza
É a falsa felicidade!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Ubiratã 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Não tenho pressa

Um dia irei ao encontro do infinito

Me despirei de toda ilusão
E deixarei p'ra trás este mundo doentio

Os olhos do meu corpo ficarão pesados
E fecharão-se eternamente abraçados com a morte

Com os olhos da minha alma espero ver a verdade
E finalmente conhecer o que é a paz

Mas eu não tenho pressa
A minha sede só a vida pode saciar

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

Vinho Seco

("Tão irresistível é a doçura da vida" - Omar Khayyam)

Tem gente que gosta de seu vinho doce
Como um beijo cálido na primavera

Mas eu não
Eu gosto do meu vinho seco
Como um áspero deserto desolado e sem vegetação

Porque é no meio desse deserto
Que ao embriagar-me eu encontro meu oasis

Não preciso que meu vinho seja doce
A vida já é doce demais!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

(Nota: inspirado numa garrafa de vinho Bianchi de San Rafael enquanto lia os poemas de Omar Khayyam)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Em busca da verdade (quando minha alma for pesada contra a pena da verdade)

I

Por que escondem tantos segredos da humanidade,
e por que nos contam tantas mentiras?

Eu quero tanto o nosso bem,
mas nossa ignorância me machuca.

Nunca me cansarei de procurar a verdade
nem de falar de amor.

Falta tanto amor neste mundo,
e o sofrimento parece não ter fim.

Por que que é assim?

Não quero mais ver meus irmãos se afogarem neste imenso mar de ilusões.

Mas o que posso fazer?

Estou tão longe da verdade
e me sinto tão sujo,
tão vil.

Eu só sei que eu posso amar,
e esperar que o meu amor mude algo neste mundo.

II

Quando minha alma for pesada contra a pena da verdade,
terei eu amado o suficiente nesta vida?

Sinto minha alma tão pesada,
tão cheia de remorso.

Tanto medo...
Tanta dor...

Meu Deus, por que nascer nesta ignorância?

Quero aprender o perdão
e o amor incondicional

Quero rasgar este ego podre da minha alma
e chorar por meus pecados até o amanhecer de outra vida.

III

Eu não quero mais ser assim
machucar p'ra me sentir melhor.

Não quero mais viver apenas para satisfazer meu ego,
para sentir prazer.

Eu nasci p'ra mudar algo neste mundo,
e se eu não puder mudar este mundo
quero pelo menos ter a força para mudar esta ridícula existência que chamam de Bartolomeu.

Se eu não conseguir nem isso,
quero pelo menos aprender à amar.

É só isso que eu quero
aprender à amar toda a humanidade
com todo meu coração.

Quero sentir o amor incondicional
e absorver toda a dor deste mundo.

Assim eu morrerei feliz.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mundo cão

Quem me dera se este mundo cão
realmente fosse como um cão
que sempre te recebe com carinho

Eu não teria que escrever este poema como um latido

Mas acontece que este imenso mundo cão
por ser humano é deshumano
e por engano não tem coração

Neste imenso mundo cão
a liberdade tem coleira
os sonhos da humanidade apodrecem na lixeira
e a justiça foi castrada
e condenada à escuridão

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

(Nota: o termo mundo cão é uma baita injustiça com os cães)

A crueldade do silêncio

Entre todas as formas que eu poderia ter te agredido
eu escolhi a mais cruel:
o silêncio

Não quero te dizer nada
muito menos gritar
Quero apenas o conforto ilusório da distância

Hoje a tua presença me agride
quando antes era a tua ausência

A lembrança do que já foi
(e não é mais)
me fere

Então uso o silêncio como um escudo
e tento o máximo te evitar

Eu nunca poderia desejar-te mal
muito menos te odiar

Todos os dias eu torço para que você encontre a plenitude da felicidade

não quero mais que você faça parte da minha vida

...dói demais

Não peça que eu mude
nem que seja teu amigo

Te amei mais que tudo neste mundo
e durante um ano você foi toda a minha vida

Não posso fingir que está tudo bem
nem mentir p'ra mim mesmo
Dizer que já passou

Peço-te perdão por todo o mal que eu te tenho feito

Eu sei que é minha culpa,
mas nunca foi minha intenção

Um dia você deixará de ser uma ferida
e a dor se transformará numa cálida lembrança

...mas até lá so me resta a distância
e a crueldade do silêncio.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2011

Nosso amor chegou ao fim

É tão estranho agirmos como desconhecidos
Eu lembro quando não conseguiamos ficar longe um do outro

Quando eu finjo não te ver
dói tanto em mim

Você foi parte da minha vida
e com você eu dividi toda a profundidade da minha alma

Te amei tanto...
mais do que eu pensei que era possível
e senti dor
tanta dor

Eu não sei o que te dizer
As vezes eu queria sumir deste mundo
mas eu sei que tenho que seguir adiante
e me libertar das correntes que me prendem à tua lembrança

Nosso amor chegou ao fim
e agora aguardo calmamente o fim desta tristeza

É isso...
não sei mais o que te dizer.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010