quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Musa da dor e solidão

Quantos poemas hei de te escrever ainda?

Estou cansado,
E minhas mãos doem quase o mesmo tanto
Que meu coração.

Tenho evitado pensar em ti
E esperado que esta dor se afogue no esquecimento.

Mas como te esquecer?

Ao te libertar da prisão da minha alma eu perdi parte de mim,
E no lugar ficou um labirinto de cicatrizes.

Não há como esquecer
Nem fingir que não dói

...me restou apenas a obsessão por escrever
E a compulsão por contemplar a minha vida.

As vezes quero rasgar a sujetividade do meu peito
E incendiar minhas emoções.

Mas é meu peito que é rasgado por esta sujetividade,
E me afogo nas escuras emoções da minha alma.

Estou cansado
E não quero mais te escrever poemas,
Musa da dor e solidão.

Mas me condenastes à este martírio,
à
morrer
um
pouco
em
cada
verso.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2011

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