terça-feira, 31 de agosto de 2010

A drop of rain

In the presence of your beauty
I'm a drop of rain inside the ocean

At the sweet murmur of your breath
I'm melted ice returning to the clouds

When you speak
you leave me shapeless
Vulnerable to whatever form you wish of me

When you look firmly in my eyes
I tremble

You leave me without air to breathe

When our tongues meet
and you taste my lips
I know that I've died and gone to the eternal paradise

and I couldn't picture heaven any sweeter than waking up tangled in your arms

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Miami 2002

(Nota: poema escrito para um antigo amor quando tinha 16 anos e morava em Miami)

Poema Esquecido

Eu tive a sensação de ter o poema mais lindo do mundo na ponta da minha língua...

mas ele se foi


À medida que as palavras apareciam na minha cabeça
aumentava o meu desespero


febre
mal-estar
vertigem
sensação de enjoo


Quando tentei recuperar as suas palavras
o poema desapareceu
como se fosse um feitiço


Agora eu não sou mais o mesmo


Em tudo o que escrevo carrego a saudade daquele poema perdido
a esperança de um dia lembrar
a frustração de não conseguir


Aquele poema teria mudado minha vida
e talvez teria mudado a tua também


Ouso dizer ainda que aquele poema poderia ter mudado o mundo!


Mas eu me esqueci

e ao me esquecer
fui eu
e não o mundo
que mudou



O mundo permanece o mesmo
ri dos poetas
banaliza o amor
(essa palavra tão banal)


Castiga o versos de Neruda
as prosas de Baudelaire
os sonetos de Vinícius


Mas eu não sou mais o mesmo
e fico me indagando:

Será que esses poetas também tiveram um poema transcendente na ponta da língua
e também se esqueceram?

Será que a obra deles não foi em busca de um poema perdido?

Será a minha vida assim?

Eu não sei
e quero mais que tudo neste mundo me lembrar daquele poema

Mas eu não me lembro
e talvez nunca me lembrarei

mas eu sei
que aquele poema
esquecido e perdido
que poderia ter mudado o mundo

acabou mudando

o
meu
mais
profundo
ser

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O mundo inteiro para conhecer

Há tantas coisas que eu não sei como explicar
Por exemplo, como cabe tanta ternura no teu olhar
Ou a louca sensação que sinto ao te beijar

As coisas pelas quais eu tenho alguma explicação
Já não interessam mais à chaga do meu coração
Sou fascinado pelo mistério de tudo o que foge da razão

Não quero racionalizar tudo o que há no mundo
Quero apenas viver minha vida do jeito mais profundo
Seja como trabalhador, seja como vagabundo

Quero viver todos os meus dias no embalo
Sempre carregar algo de poesia em tudo o que falo
Viver o amor, e não tentar decifrá-lo

Mas enfim, o que eu quero mesmo é viver
E deliciar-me neste irrestrito e súbito prazer
De saber que eu tenho o mundo inteiro para conhecer

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Minha matilha

O meu amor
não querendo mais ser amor
transformou-se em mágoa

Descobri que é mais fácil assim
sentir um mínimo de raiva

Não há como não sentir nada

Eu sei

Então tento ser o pastor dos meus sentimentos
mas o meu rebanho é uma matilha

Subversiva
Não aceita minha autoridade
Não aceita ser perdoada
nem estende o seu perdão

É como água suja

Um calor em que eu não consigo respirar
Um frio em que eu não quero viver

Onde eu vou meus lobos me acompanham
se alimentam da minha carne
lambem minhas feridas

Bebem minhas lágrimas

Cada tanto um deles foge do meu peito
mancha com seu sangue a monotonia do papel

e agonizando

morre em tristes versos fadigados

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um Homem e uma Mulher

Uma mulher chora e um homem cai em mil pedaços

Desesperado, a beija e a segura entre seus braços

"Tudo ficará bem", o homem lhe promete

"Mas a vida sempre é triste", a mulher lhe adverte

O homem, sem saber o que fazer, começa à chorar

E a mulher, comovida, decide o abraçar

"Não chore, me perdoe", ela sussurra suavemente

E sua ternura sobre ele derramou-se de repente


- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Intimidade alegre...

Queria te escrever o poema mais lindo do mundo, mas o que sinto é tão puro e intenso que não consigo contê-lo em versos bem organizados. Não consigo conter tanto amor no meu peito, preciso derramá-lo para fora em palavras sinceras, e quando me faltam as palavras às vezes derramo algumas lágrimas. Mas essas lágrima não são de tristeza, minha linda. Tanto amor tem transformado a minha alma num oceano inteiro de felicidade, e às vezes essa felicidade foge dos meus olhos como cachoeiras. Os momentos que passo longe de você parecem intermináveis. Na solidão da tua ausência fico ansioso para voltar à roubar o gosto de paraíso dos teus lábios. Teu beijo me deixa louco, e na loucura dessa paixão me entrego inteiramente ao conforto de teu abraço. Você é tudo o que eu sempre quis, e os momentos em que estamos juntos se passam como um sonho. As vezes tenho medo de acordar e descobrir que eu apenas te sonhei, mas quando estamos juntos eu me sinto mais vivo que nunca. Eu tenho certeza absoluta de toda a beleza do mundo quando você me olha firmemente nos olhos e sorri. Me desculpe por todos meus pequenos erros e defeitos, sou louco por você, e quero ser um homem melhor à cada dia para fazer feliz.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2009

Intimidade triste...

Isto tudo tem gerado tanta dor em mim, e por vezes o retrospecto inteiro da minha vida tem parecido uma ferida aberta. A felicidade, tão rara, é como água e nos escapa pelos dedos. Mas a dor é como algemas, uma tortura lenta da qual dificilmente conseguimos fugir. E o amor, essa coisa desgraçada que todos procuramos, ora traz os momentos mais intensos de alegria, e ora traz a triste agonia de sofrer.

Peço perdão pela covardia de ser tão vil, pelo peso do egoísmo que minha alma carrega, mesmo sabendo que eu não posso ser perdoado. Já machuquei demais nesta vida, e qualquer esperança de ser realmente perdoado foi dilacerada junto com tantas ilusões. A felicidade é um labirinto, e no seu percurso sinuoso muitas vezes nos perdemos.

Eu estou preso aos meus erros constantes: não há perdão, não há cura, não mais o sonho de viver sem esta dor. Não tenho mais a ilusão de te fazer feliz. Já errei demais, e pouco me resta a não ser lembrar um doce e breve momento em que você quase foi minha para sempre. Se um dia eu te ajudei à crescer, à viver coisas novas, hoje em dia eu apenas freio a tua vida, restrinjo tua liberdade e te impeço de crescer.

Não tenho mais nenhuma carta na manga para te fazer feliz, apenas uma longa lista de erros e defeitos que quase todos os dias borram a maquiagem dos teus lindos olhos. Não sei mais o que fazer, e me rendo à impotência de saber que sou incurável. Não tem mais jeito. Vivi com muita intensidade os meus momentos de alegria, e agora só me restam dias de incerteza e a melancolia que a saudade do que já se foi sempre traz.

Eu te amo. Te amo tão desesperadamente que dói quando eu respiro. Meus olhos se enchem de lágrimas quando eu olho nos teus, porque tenho a certeza absoluta que quero morrer velhinho nos teus braços. Não consigo imaginar a vida sem você: fica tudo tão vazio.

Tão vazio.

Eu vivia apenas com a certeza que estaríamos juntos para sempre, com a certeza que você estaria sempre do meu lado.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2009

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Dádiva do Esquecimento

Quem escarra contra o vento acaba por cuspir na própria cara,

E dessa mesma forma batalhei inutilmente contra o tempo que não pára.

O sangue escarrado ao atingir meu olho transformou-se em lágrima,

E nesse susto violento descobri que não há mais tempo para mágoa ou lástima.

Ser o passado é o destino súbito e inevitável do presente,

E enquanto aguardamos ansiosamente o futuro ele se transforma no agora de repente.

O tempo não é palpável, não consigo segurá-lo nem senti-lo com a minha mão,

E por isso a tentativa de ressuscitar um passado falecido é tão inutilmente em vão.

Assim como tantas rochas e montanhas são moldadas suavemente pelo vento,

O tempo, que nos fere e molda, também nos dá a dádiva do esquecimento.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Sad little Blues

I searched for you in all places, through land, air and sea.

Procurei desesperadamente, mas mesmo assim eu não te vi.

So I sat down on the dirty floor and wrote this sad little Blues

Inspirado na saudade do calor de nossos corpos nus.

I wish I could go back and relive all those good old days,

Mas não há como recuperar todos os momentos que o tempo desfez.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Soneto Náufrago

Hoje o tempo não está para velejar,
A intempérie do teu mar de mágoas está acentuada.
Hoje o dia não está para pensar,
Mas será inevitável pensar tanto na antiga amada.

Naufragarás no meio desse oceano,
E com muita sorte chegarás no litoral.
Te darás conta que não tens um grande plano
Para que a lembrança dela pare de fazer-te mal.

Tua dor se transformará em poesia.
Passarás ainda muito tempo magoado
E te esconderás na boemia.

Mas se você for muito abençoado
Hoje pode ser o grande dia
Em que você supera o teu passado.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Clichê

Ah Poeta, porque tanto desespero?

Na tua poesia há tanto exagero!

Não há razão para ser assim tão passional,

tanta paixão assim há de fazer-te mal!

Ah Poeta, tente ter mais calma,

tanto desespero há de roubar-te a alma!

Eu seu que tua alma foi ferida,

mas há muita felicidade ainda nesta vida!

Então tenha calma, te peço por favor,

um dia passarão todas tuas mágoas de amor!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2010

Minha Pena

Quero matar o pouco de imortal que há em mim,
esta infinita recordação de teus carinhos.
Quero que abandones a escura privacidade dos meus sonhos,
para que a tua ausência não me acompanhe por todos os caminhos.

Quero conseguir pensar em tantas outras coisas,
e expulsar esta vil e puta dor do meu peito.
Quero sonhar muitos outros sonhos,
ou pelo menos um que não inclua o teu sorriso perfeito.

Quero me libertar desta suja e fria prisão
que tua recordação distante calorosamente me condena,
e preparar-me para a alegria que há de vir
quando finalmente eu cumprir esta cruel, longa e dolorosa pena.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Soneto para a galera da Filosofia

Quando eu finalmente encontrei
A galera da Filosofia,
Fui feito só de alegria
E foi no bar que me realizei.

Entre as cervejas e cachaças
E essas mulheres adoráveis,
Tenho muitos loucos camaradas,
Todas pessoas muito amáveis.

Quando encontro essa galera
Surge no meu rosto um sorriso.
Dou um tapa na velha pantera,

E a alegria que preciso
Doma essa indomável fera,
Que no Manhattan morre no piso.

Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

(Nota: dedicado aos meus amigos do curso de Filosofia na UEM, galera gente boa parceira das noites de bebedeira no Manhattan e no Bora Bora)

Soneto dos 24 anos de idade

A minha infância já ficou à margem
E agora se vai minha tardia adolescência
Ainda com tão pouca malandragem
Mas também com tão pouca inocência

Já se passaram meus dias de mamadeira
E também os velhos dias do Jardim
Passarão também estes de bebedeira
Mas sempre terei algo do boêmio em mim

Sou velho demais para continuar errando
E novo demais para muito ter aprendido
E ainda não me acostumei com tanta seriedade

Quero ser amado e sempre estar amando
Para que no fim de tudo não me sinta arrependido
É assim que são meus vinte e quatro anos de idade

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Manual do Militante

Subverta horizontalmente a ordem hierárquica.

Abstraia em densas teorias e conceitos precisos toda a práxis revolucionária necessária para mudar um mundo confuso e sombrio.

Enfrente de peito aberto todas as injustiças, e não tenha medo de morrer.

Tenha o pulso firme com os inimigos, e um abraço caloroso para os amigos.

Mas acima de tudo, não se esqueça de amar!


A doce loucura de um beijo é o único refúgio da insanidade deste mundo.

Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

(Nota: poema exibido num "sarau" de Ciências Sociais e Filosofia na UEM)

Paixão árida

Como que tanta paixão tornou-se árida? Tua ausência me lastima. Sempre soube que o fim seria doloroso, mas a magnitude desta dor só tornou-se evidente depois de algum tempo. Alguns meses atrás juramos amor sem fim, e agora a indiferença do teu olhar passa por minha alma como um furacão. Não sei o que esperar de amanhã, mas minha vida há de acabar que seja no êxtase de um instante e não a agonia de uma morte lenta. Não quero morrer aos poucos. Quero sentir tudo de uma vez, como foi o nosso amor.

Eu não sou mais o mesmo, e tenho procurado desesperadamente saber quem sou. Minha intensa boemia é apenas um reflexo da minha dor. As vezes me convenço que estou bem, e quase sempre todos acreditam. Carrego um sorriso como uma máscara para não chorar. Tenho saudade do teu beijo, de nossas longas conversas ao longo da madrugada...

...tanta intimidade dissolvida na indiferença.

Paro, penso, e nada mais me faz sentido. Não quero racionalizar tudo o que sinto, nem transformá-lo em arte. Quero apenas desfazer-me desta dor. Não tenho ombros para carregá-la. Da mesmo forma como não soube manejar tanto amor, não sei como conduzir tanta dor. Não consigo parar de pensar em como o mundo é injusto, e tenho dificuldade em aprender as lições da vida. Me sinto vazio, e ao mesmo tempo ainda dói tanto. É cruel contrastar a alegria do começo de um amor com tortura de seu fim. As coisas perdem seu sentido. Me resta apenas a agonia de ser só. Minha única companheira é a vida, e por vezes a detesto. Ela que me deu tudo de melhor, os mais intensos momentos de amor, e as tristezas mais profundas.

Mas quer saber? Que se dane tudo, eu vou viver ao que há de melhor na vida! O tempo é curto demais para carregar tanta dor...

e eu não tenho paciência para sofrer.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Soneto do Desencargo

Queria escrever um soneto
Que fosse doce e amargo,
Feito gosto de Amaretto,
Pra minha alma um desencargo.

É assim que é o meu amor:
Metade é pura alegria,
A outra metade é pura dor,
E o meio-termo é poesia.

Minha alma as vezes chora,
E outras vezes ela ri.
E quando chegue minha hora

Deste mundo ir embora,
Jogarei minhas mágoas fora,
Porque de amor foi que vivi.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2010

Quero me enganar

Você, que tanto me acusou de ser machista, possessivo e ciumento, de só pensar em mim, não imagina a dor que eu sinto.

Já passei por isto antes, mas desta vez é tão mais doloroso e distinto.

Te libertei das minhas correntes, querendo que você seja feliz,

Mesmo que nosso fim nunca foi algo que eu quis.

Pensei só em você, e pelo menos nesse instante não pensei nem um pouco em mim.

Tentei tanto não pensar que realmente seria nosso fim.

Evitei pensar na dor que com certeza me acompanharia,

esta dor agonizante e insensata que era óbvio que sentiria.

Então me refugiei nos meus amigos, me escondi nas mesas do bar.

Tentei fingir que não doía, mas não consegui me enganar.

Queria tanto ser tuas asas, mas acabei sendo tua prisão.

Talvez um dia você possa estender-me teu perdão.

Os amigos que você tanto queria, agora você tem.

Eu sei que deveria estar feliz, porque te amo e quero o teu bem,

Mas quando eu vi tuas fotos de balada, comecei a chorar...

O que eu quero mais que tudo é conseguir me enganar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2010