quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Dádiva do Esquecimento

Quem escarra contra o vento acaba por cuspir na própria cara,

E dessa mesma forma batalhei inutilmente contra o tempo que não pára.

O sangue escarrado ao atingir meu olho transformou-se em lágrima,

E nesse susto violento descobri que não há mais tempo para mágoa ou lástima.

Ser o passado é o destino súbito e inevitável do presente,

E enquanto aguardamos ansiosamente o futuro ele se transforma no agora de repente.

O tempo não é palpável, não consigo segurá-lo nem senti-lo com a minha mão,

E por isso a tentativa de ressuscitar um passado falecido é tão inutilmente em vão.

Assim como tantas rochas e montanhas são moldadas suavemente pelo vento,

O tempo, que nos fere e molda, também nos dá a dádiva do esquecimento.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

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