sábado, 31 de julho de 2010

Poeminha quântico

Toda partícula subatômica
é uma projeção da consciência.
Uma onda de probabilidades,
é assim que dita a ciência.

A teoria do mundo quântico
nos revela que o material
depende do observador
para poder virar real.

Pensando bem na teoria
não é difícil enlouquecer,
porque a realidade deste mundo
nós não podemos perceber.

As ciências sociais
explicam nossa sociedade,
mas a física moderna
questiona toda a realidade.

Pensadores como Marx
nos explicam a miséria,
e outros como Kaku
indagam-se sobre a matéria.

Cada um em sua área
merece o seu louvor,
mas nenhum dos dois sabe
explicar o que é o amor.

Então encerro este assunto
porque é muita teoria,
e nunca terá a beleza
que só há na poesia.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2010

(Nota: poema em homenagem aos meus amigos que nunca se cansaram das intermináveis horas de discussão sobre a física quântica e a essência da realidade. O físico ao qual faço referencia é Michio Kaku, dos EUA, e Marx acho que não precisa de introdução.)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Estética Sintética

Estética sintética,

aqui é tudo artificial.

Falta prosa poética,

ou qualquer resquício de algo natural.

As máquinas são cheias

de conservantes com sabor,

mas eu quero um abraço

para acabar com esta dor.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Miami 2010

(Nota: escrito algumas semanas atrás no aeroporto de Miami, enquanto fiquei detido um dia pelo Homeland Security após negarem minha entrada nos EUA quando ia visitar meus pais. Dormi na frente de uma máquina que vendia alimentos, todos completamente artificiais, que foram minha única forma de alimentação durante esse dia)

Pecado e Virtude

I

Que morrer seja meu último pecado,

e viver,

minha maior virtude,

assim no fim desses longos anos

eu possa dizer que vivi tudo o que pude.

Eu, humildemente, não quero envelhecer cheio de lamentações.

Aceito no máximo a nostalgia

de ter vivido tantas paixões.

II

Espero ser lembrado por minhas virtudes

e não por tanto ter pecado.

Reconheço que na vida

tenho tanto estado errado.

Mas a maioria dos meus erros

cometi querendo ser amado,

e talvez em virtude disso

eu seja um dia perdoado.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - São Paulo/San Rafael 2010

Avenida Paulista

A Avenida Paulista pela noite. Uma loira senta na escada e espera o lotação. No meio de uma aparente melancolia, passa um cão e ela solta um sorriso. A poucos metros dela um músico solitário toca o saxofone, a doce melodia de seu jazz se mistura com o som caótico dos carros. Dessa síntese nasce uma paisagem sonora única.

Entre o barulho do urbano ainda há espaço para a beleza.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - São Paulo 2010

(Nota: escrito algumas semanas atrás após negarem minha entrada nos EUA. Fiquei um dia detido pelo Homeland Security e voltei para São Paulo, onde perumbulei pelas ruas durante um dia escrevendo o que via até embarcar para a Argentina, onde estou agora)

Valkíria

Valkíria, queria que você soubesse o meu grande prazer

de estar diante da tua forma tão simples de ser.

Você é linda sem precisar de maquiagem ou de qualquer outra forma de bobagem,

e com teus 17 anos, cativou meu coração que carrega tanta, mas tanta bagagem.

Todas minhas mágoas de amor, minha saudade, e este imenso oceano de dor,

desfizeram-se com teu sorriso, e me senti mais uma vez um sonhador.

Mas tua inocência é pura demais para minha malícia cortejar,

então me resta apenas agradecer-te por devolver-me a esperança de amar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - San Rafael 2010


(Nota: poema respeitosamente escrito para uma amiga em San Rafael, na Argentina)

Cair e Levantar

Não sei se amo sofrendo, sofro amando, ou se amo mesmo é sofrer

O amor é irracional, não importa de que forma eu tente ver

Com os anos aprendi que nem tudo neste mundo pode-se entender

e quanto mais eu tento, mais eu me esqueço de viver

Que coisa estranha que é o amor, e que agonia que é amar!

De uma triste solidão, te deu asas para voar

Mas mesmo no alto da alegria, saiba que pode acabar

e a queda sempre é forte, quando tuas asas o amor castrar

Feridas viram cicatrizes, e as marcas nunca somem

Mas lembre-se amigo, a dor não é maior que este homem!

Mais importante que saber cair, é saber se levantar

e enterrar as dores do passado, para um dia voltar a amar.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

(Nota: da série A Última Palavra é o Amor, escrito após o fim de um namoro)