terça-feira, 10 de agosto de 2010

Paixão árida

Como que tanta paixão tornou-se árida? Tua ausência me lastima. Sempre soube que o fim seria doloroso, mas a magnitude desta dor só tornou-se evidente depois de algum tempo. Alguns meses atrás juramos amor sem fim, e agora a indiferença do teu olhar passa por minha alma como um furacão. Não sei o que esperar de amanhã, mas minha vida há de acabar que seja no êxtase de um instante e não a agonia de uma morte lenta. Não quero morrer aos poucos. Quero sentir tudo de uma vez, como foi o nosso amor.

Eu não sou mais o mesmo, e tenho procurado desesperadamente saber quem sou. Minha intensa boemia é apenas um reflexo da minha dor. As vezes me convenço que estou bem, e quase sempre todos acreditam. Carrego um sorriso como uma máscara para não chorar. Tenho saudade do teu beijo, de nossas longas conversas ao longo da madrugada...

...tanta intimidade dissolvida na indiferença.

Paro, penso, e nada mais me faz sentido. Não quero racionalizar tudo o que sinto, nem transformá-lo em arte. Quero apenas desfazer-me desta dor. Não tenho ombros para carregá-la. Da mesmo forma como não soube manejar tanto amor, não sei como conduzir tanta dor. Não consigo parar de pensar em como o mundo é injusto, e tenho dificuldade em aprender as lições da vida. Me sinto vazio, e ao mesmo tempo ainda dói tanto. É cruel contrastar a alegria do começo de um amor com tortura de seu fim. As coisas perdem seu sentido. Me resta apenas a agonia de ser só. Minha única companheira é a vida, e por vezes a detesto. Ela que me deu tudo de melhor, os mais intensos momentos de amor, e as tristezas mais profundas.

Mas quer saber? Que se dane tudo, eu vou viver ao que há de melhor na vida! O tempo é curto demais para carregar tanta dor...

e eu não tenho paciência para sofrer.

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010