quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Minha matilha

O meu amor
não querendo mais ser amor
transformou-se em mágoa

Descobri que é mais fácil assim
sentir um mínimo de raiva

Não há como não sentir nada

Eu sei

Então tento ser o pastor dos meus sentimentos
mas o meu rebanho é uma matilha

Subversiva
Não aceita minha autoridade
Não aceita ser perdoada
nem estende o seu perdão

É como água suja

Um calor em que eu não consigo respirar
Um frio em que eu não quero viver

Onde eu vou meus lobos me acompanham
se alimentam da minha carne
lambem minhas feridas

Bebem minhas lágrimas

Cada tanto um deles foge do meu peito
mancha com seu sangue a monotonia do papel

e agonizando

morre em tristes versos fadigados

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

Um comentário:

Tiê disse...

tem mais 3 aqui: o primeiro chama-se repressão sexual:
Repressão sexual
A cultura milenar
Vinda pelo mar
Graças...
Que graças?
Só desgraças
Animais são puros
Nu
Sem mascara
Sem trages
Normais, naturais
Livres
Sem vergonhas
Desenvergonhados
Ate mesmo aclopados
Coito celestial
2 formam 1
Centro energético
Talvez poético
Por ser quebrado, prostituído, destorcido, enlouquecido
Jamais esquecido
Instinto
Sonolento
Violento
Atento
Tento
Adentro
Cultura me apura
Chega disso
Pra isso
Paraíso
Floresta é o que resta
Universo é a fonte
A ponte de pedras, que o riu formou, arrojou, transformou
Escorregou
Se molhou
Acabou

e o outro é Ato policial:
Ato policial
O drama que vende
Oficina de vivencia
O individuo e a profissão

Policial aquele que policia
Que deixa valer as propriedades privadas
Os limites
Os objetos. Próprios; impróprios; definidos e indeterminados.
Clareza sta clareza. Está nítido basta ser.
Se você esta entendendo o que eu quero dizer, pare de ler.
Para os que vão me acompanhar peço desculpa se eu incomodar com a resolução
Tomarei cuidado com a redução.
Vamos lá, de uma olhadinha em volta desse papel. O que vemos? Cada um de os vemos instantes, cenas e ilusões. Construções. Cultura. Estrutura nada pura. Sem cura?
Lamento tanto conhecimento
Me mato no mato, anonimato.
Somos pragas
Natureza supera
Somos apenas um peido, um borrão
Não briguemos
Os gazes também estão presentes, existindo e não fingindo
Instinto.
Nos esforçando veremos que a areia afundo ao ser pisada.
Existimos
Fodemos
Comemos
Morremos
Cultura oculta
Culta a puta
Angustia na cidade
Amamenta a criatividade
Peitos fartos
Instinto retomado
Tesão aflorado
Carne o falso instinto do paladar
A crise de confusão da cultura e do instinto
Da educação e da vivencia
Quanta demência
Intuição, a nova versão
Conclusão: manifestação.


por fim temos o poema (que não é poema):
bonita sandália

Caminhando por baixo da terra, rapidamente,
Observei: o reflexo dos olhares
A confortável conformidade dos passageiros
Que de modo geral se transformam em um.
O padrão, que não deixa transparecer a opinião sobre tudo isso.
Ai esta a incompreensão deles transposta no padrão
Na obrigação
Olhares sérios, que não deixam a luz passar para o interior
Estão presos no universo exterior
Um deles deixou passar a incompreensão sobre a minha existência naquele instante.
Era uma pessoa atenta, interessada na vida; nas descobertas e vivencias. Deveria estar com seus sete anos.
Cochichou para a mãe, ela me olhou discretamente. Disfarcei, olhando para as sandálias que calçava.
Naquele instante não compreendia mais nada daquele movimento acelerado por baixo da terra, com todo aquele contexto e as sandálias, que eram as mesmas de sempre, combinando com a bolsa e o cabelo descrito como normal.
Queria me comunicar, já estava o fazendo sem notar. Tive uma idéia:
“Bonita sandália”
E já não tinha mais nada pra comunicar, afinal a sandália era bonita mesmo.
Ida 04/05/07 São Paulo.
No silêncio uma voz oculta diz: “estação Sé acesso a linha 3, vermelha; desembarque pelo lado esquerdo do trem.”


por hora é só, nos falamos por aí Barto