de ver a multidão em trânsito
Tanta gente diferente,
tantas cores e formatos dos olhos.
Tantas sonoridades distintas
pronunciadas pelas línguas viajantes.
Tantos destinos distintos.
Alguns tem as malas cheias de mercadorias
(é preciso ganhar dinheiro)
Outros tem as malas cheias de recordações
(é preciso matar a saudade)
Mas eu
na minha mala velha e rasgada
carrego apenas algumas roupas desbotadas
um par de havaianas
e um livro de Fernando Pessoa
(e é claro um caderno para escrever porcamente versos toscos)
Eu me sinto confortável
no meio dessa multidão em trânsito
é quase como se fosse um estado de transe
porque eu sou anônimo
e ninguém conhece os meus defeitos
E hoje à noite quase todos irao ao encontro de seus destinos
Alguns aparentemente alegres
e outros parecem viajar com dor no coração
mas eu
não estou nem feliz
nem triste
sinto apenas um estanho e inesperado prazer
de ver a multidão em trânsito
Porque no fundo da minha alma nômade eu sei
que não sou de lugar algum
e sim de todos os lugares
e ao ver tanta gente diferente
indo para os mais diversos destinos
eu me sinto em casa com meu povo:
os viajantes loucos e perdidos deste mundo.
- Bartolomeu Parreira Nascimento - Foz do Iguaçu 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário