quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estranha Paz

Estranha paz que vem à alma
arde, como se fosse fome
e é passageira como o vento

Estranha paz que é como se fosse um pressentimento de algo ruim
uma predestinação
mas na verdade é apenas incerteza

Estranha paz que em vez de acalmar
me tira o sossego
e será inevitavelmente levada na impiedosa correnteza da ansiedade

é apenas um estado de ser
humilde em sua simplicidade
embora complexo em sua anatomia

No fundo é um vazio
é o cansaço que precede a contemplação
é a saudade de mim mesmo
talvez a crise do meu ego

Estranha paz que na verdade é agonia
e que se esconde sob a máscara do tédio

É como o desejo
de lembrar de um desejo esquecido

A breve ausência da minha alma
talvez o desejo de estar em casa

Estranha paz que me faz estranhar a mim mesmo
que me faz sentir esquisito
e sentir angústia

É um momento solitário
mas sem solidão
apenas acompanhado do vazio
e de uma grande inquietação

É um momento necessário
mesmo que eu seja ingrato
É um momento cálido
mesmo que o sinta frio

É um momento inexplicável
em que eu reconheço este vazio
e busco as forças para contemplar o que vai preenchê-lo

É um momento em que eu estou ausente
um momento
que acaba de repente

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

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