quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Auriverde

Eu
que sempre fui nômade deste mundo
e passei quase quinze anos entre as praias da Florida
e as montanhas de Mendoza

também sempre carreguei no meu peito esta brasileiríssima essência auriverde

o sal de Praia Brava, onde nasci
em Angra dos Reis
esconderijo das mais belas ilhas fluminenses

a terra roxa do Paraná,
onde vivi meus maiores amores
e encontrei meus melhores amigos

tantas vezes minha alma canta os lamentos de Cartola
e tem a voz rouca de Adoniran

tem noites noites escuras como Augusto dos Anjos
e outras boêmias como as do poetinha
iluminadas pela lua do grande Vinícius

tem dias quentes como Ubatuba,
último reduto da minha adolescência

Carrego esta inesgotável essência auriverde comigo

ando pelas ruas de havaianas
e prefiro os traços simples de Niemeyer
às catedrais carregadas do velho mundo

prefiro mil vezes arroz com feijão
do que arrogância do caviar

gosto do tomar guaraná
e comer uma coxinha
com molho de pimenta Malagueta,

picante como as nossas mulheres

Eu sempre fui nômade deste mundo
mas também sempre amei o meu país

O carrego tatuado na minha perna
porque eu sei quem sou

eu sou brasileiro!

- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringá 2010

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