porque estava aqui sentado sozinho
fumando meu cigarro raivosamente
lamentando minhas mágoas de amor
quando num documentário
eu vi toda a força do povo
vi a injustiça deste mundo
eu vi toda a força do povo
vi a injustiça deste mundo
e me senti tão fraco
tive vergonha do meu próprio egoísmo
O vazio que há dentro de mim
esta angústia
esta dor
é tão insignificante comparado com toda a dor que há no mundo
Eu me senti triste
por saber que me sinto triste
quando na verdade eu estou bem
e enquanto assistia o documentário
para me distrair da tristeza
que uma mulher me deixou
eu vi uma mulher chorar
pela dor que nunca vai lhe abandonar
da tristeza que o assassinato de seu filho lhe deixou
me senti vil e impotente
e o nojo que senti do mundo
também senti de mim mesmo
tive vergonha do meu próprio egoísmo
porque enquanto já me chamei de militante...
o que eu mais busco
não é mudar o mundo
é o prazer
a euforia
é sentir-me bem
a euforia
é sentir-me bem
Tantas madrugadas de festa
e tardes de ressaca...
no fim de tudo me sinto culpado
por não dedicar-me integralmente
à causa da revolução
por não ser um mártir
Pois é
acontece que perante as coisas boas do mundo...
mulheres
festas
(boemia)
eu sou fraco
e enquanto eu aproveito minha juventude
minha vida de estudante...
as velhas tragédias se repetem
(no mundo real
o coro continua à comer)
Pois é
eu tenho vergonha disso
- Bartolomeu Parreira Nascimento - Maringa 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário